sábado, 8 de abril de 2017

O que valem as propostas do BE?

Referi aqui as propostas eleitorais de Luís Santos, candidato do Bloco de esquerda à Câmara de Tomar, assinalando que não concordava com a maior parte delas. Passo a explicar porquê.

Proposta do candidato
Consciente da urgente necessidade de investimento em Tomar, o candidato bloquista disse que não se deve ficar à espera que venham investir no concelho. Acrescentou que temos que ir à procura do investimento que queremos. Salientou que uma das propostas do Bloco de Esquerda é a nomeação de um especialista para ir em busca desse investimento, tanto no país como no estrangeiro.

A minha posição
Trata-se sem dúvida de um avanço em relação ao que tem sido feito. No entanto, parece-me uma acção prematura, pois estou convencido de que muito dificilmente virão para Tomar investimentos de vulto enquanto se mantiver a actual situação, no que concerne nomeadamente a burocracia miudinha, arrogância, PDM, taxas e tarifas excessivas. Só depois de eliminados tais obstáculos se deve ir à procura de investidores. A prioridade é outra.

Proposta do candidato
Distribuição de "vouchers" aos turistas que visitam o Convento de Cristo, oferecendo um "Mouchão" e uma "Fatia de Tomar" por pessoa, como forma de os atrair ao Centro histórico.

A minha posição
Parece-me uma excelente ideia, mas só enquanto não existir uma estrutura de acolhimento mais elaborada, com parques de estacionamento na Anunciada e na Várzea Grande (subterrâneo), uma sinalização pedestre à altura, uma escada mecânica, com ascensores anexos, do ParqT até à Cerrada dos Cães e a proibição de acesso automóvel ao Convento de Cristo, salvo as excepções usuais, alegando falta de estacionamento e problemas ambientais. Assim, todos os turistas atravessarão de certeza o Centro histórico, e pagarão o respectivo estacionamento e transporte.

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Proposta do candidato
Realizar o Cortejo dos rapazes nos anos em que não há Festa dos Tabuleiros.

A minha posição
Desde há mais de vinte anos que defendo a realização anual da Festa dos Tabuleiros, única forma de a dignificar e engrandecer, porque sendo uma festa das colheitas, não faz sentido realizá-la só de quatro em quatro anos, quando as colheitas são anuais.
A proposta do candidato pode vir a ser um excelente compromisso, desde que se chegue à alternância. Cortejo dos rapazes nos anos ímpares, Festa dos Tabuleiros nos anos pares. Para manter a regularidade anual, sem a qual se perdem muitos visitantes, porque o turismo funciona todos os anos.

Proposta do candidato
Avançar com o Museu da Festa dos Tabuleiros.

A minha posição
Tendo em conta as novas condições macroeconómicas, trata-se na minha opinião de uma proposta sem pernas para andar. Implicaria investimento inicial elevado, criação de novos postos de trabalho e elevadas despesas de funcionamento, que a autarquia não tem como financiar. Veja-se o caso dos apregoados museus da Levada. Que é deles? Porquê?

Proposta do candidato
A Festa dos Tabuleiros deve ser paga pelo Município, dado ser uma festa concelhia. O mordomo não deve preocupar-se em arranjar dinheiro para fazer a festa.

A minha posição
Compreendo a ideia do candidato. Faz parte da doutrina da formação à qual pertence: o Estado deve pagar tudo, directamente ou através do poder local. Nos países de Leste também era assim. Mas esses já foram à falência. Com uma dívida superior a 24 milhões de euros, a autarquia não tem qualquer hipótese realista de continuar a financiar a festa, mesmo parcialmente. A título comparativo, Leiria tem mais do triplo da população tomarense, mas a sua dívida global não chega ao dobro (mais de 24 milhões de euros em Tomar, 41,8 milhões de euros em Leiria.)
Concordo que o mordomo não deve preocupar-se em arranjar dinheiro para fazer a festa, mas apenas com o cortejo e as ornamentações. As verbas necessárias devem provir do princípio universalmente aceite do "utilizador-pagador". Neste caso, das entradas pagas para assistir ao cortejo, realizado numa área urbana fechada. É assaz complexo apenas no primeiro ano. Depois irá tudo sobre rodas. Haja audácia, pois já diziam os latinos que audaces fortuna juvat. A sorte protege os audazes.

2 comentários:

  1. Perante o deserto de ideias no panorama politico local actual, incrível como nenhum dos candidatos conhecidos aproveita estas benesses... Parabéns Prof. Rebelo pela clareza de raciocínio e assertividade!

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    1. Grato pelo elogia. Limito-me a tentar fazer o que posso e sei pela minha terra adorada.
      Porque não aproveitam os candidatos conhecidos? Já por cá ando há muito tempo. O que me leva a não abordar certas coisas, quando se trata de pessoas que confundem adversário político com inimigo.

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