domingo, 5 de novembro de 2017

É sempre a descer, mas há bem pior

O Jornal de negócios online publicou um interessante mapa interactivo, elaborado a partir de um recente estudo do INE (Instituto Nacional de Estatística), no qual se pode ver o preço médio da habitação por metro quadrado, em todos os concelhos do continente menos dois. Trata-se de um estudo de enorme importância, sabido como é que a formação de preços resulta fundamentalmente da relação entre a oferta e a procura.
Quando a procura aumenta e a oferta se mantém ou diminui, os preços tendem a subir. Inversamente, quando a oferta é muita e a procura se esbate, com sucedeu com a crise iniciada em 2008, os preços tendem a descer. Donde resulta ser possível comparar concelhos e deduzir do preço médio do alojamento aí praticado a sua verdadeira situação na área da economia, o motor que faz avançar o Mundo.
Tomar foi em tempos, aqui há quatro décadas atrás, a cidade com o alojamento mais caro da região. Onde isso já vai! Não sendo nada cómodo analisar comparativamente mais de 300 concelhos, optei pela elaboração de uma short list (Fica sempre bem um anglicismo, quando se trata de economia ou de tecnologia. Tratando-se de literatura, sociologia, antropologia e afins, é melhor usar francesismos.) Portanto uma short list que me pareceu mais motivante para os leitores de TAD3. Ei-la:

Preço médio por metro quadrado da habitação em alguns concelhos do país

Na coluna da esquerda estão os concelhos costeiros, na outra os do interior.

Numa visão geral, o panorama é vasto e variado, oscilando entre os 2.231€/metro quadrado em Lisboa e os 225€/metro quadrado em Mértola (Baixo Alentejo). Mas não fique a pensar que Mértola (6.294 eleitores, PS) é o fim da picada. Na verdade, o INE nem sequer conseguiu obter dados nos concelhos do Alvito (1911 eleitores - CDU) e Barrancos (1366 eleitores - PS), ambos no distrito de Beja, tal como Mértola.
Na nossa região, destaque para a Nazaré (14.567 eleitores, PS), com um preço médio superior à Figueira da Foz (56.841 eleitores, PS) e até a Coimbra (127.834 eleitores, PS). Segue-se Leiria (113.592, PS), também na faixa costeira. Quanto ao interior, saliência para Ourém (42.224 eleitores, PSD/CDS) e Ferreira do Zêzere (7.409 eleitores, PSD) em tempos concelhos atrasados mas que entretanto ultrapassaram Tomar (34.842 eleitores, PS), em termos de procura de habitação, o que quererá dizer alguma coisa.
Enquanto Torres Novas se aproxima a passos largos, Entroncamento e Barquinha mantêm-se como concelhos mais baratos, tradicionais dormitórios de Lisboa. Cada vez mais distante está Abrantes, ultrapassado até por Elvas, muito mais afastada de Lisboa e da faixa costeira.
Esta pequena amostragem permite mais uma vez deitar por terra aquele argumento segundo o qual a interioridade é o principal factor na decadência económica de Tomar. Como pode ver-se, Ourém e Ferreira, que também estão no interior, continuam a progredir, sendo certo que num concelho da faixa costeira, Marinha Grande (595€/metro quadrado), a habitação continua mais acessível que em Tomar que, a título de curiosidade, está ao mesmo nível da Guarda (38.866 eleitores. PSD). Mas esta cidade serrana, capital de distrito, está na fronteira com Espanha e é conhecida como cidade dos 4 éfes: Farta, forte, fria e feia, apesar disso com um preço médio por metro quadrado superior a Elvas (19.314 eleitores, PS), a outra fronteira importante. 

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