segunda-feira, 12 de março de 2018

Mazelas tomarenses

Chove na Igreja de S. João Baptista e na Biblioteca municipal

Quer mesmo ler o que segue? Então faça favor de se concentrar. É um bocado emaranhado...
Já está concentrado. Vamos a isto.
Abre-se como naquelas séries americanas. Com os prévios. Lembra-se da obras clandestinas em S. Gregório, feitas pela Paróquia? Do catavento manuelino em ferro forjado que nunca mais voltou a ser visto? Das obras de fachada em S. João Baptista, também custeadas pela Paróquia? Das obras nos Pegões, com fundos europeus e da Câmara de Tomar? Das obras no telhado e nas paredes exteriores de Santa Maria dos Olivais, pagas pela Paróquia?
Conhece a situação muito difícil da informação local, forçada a praticar a autocensura, porque tem ordenados para pagar ao fim do mês, e se for vítima de represálias não dura muito? Está ao corrente da criticável gestão da DGPC - Direcção-geral do património cultural, que devia tomar conta  de todo o património do Estado, mas se interessa sobretudo por aqueles monumentos que facultam uma confortável receita, proveniente das entradas pagas?
Tudo devidamente assimilado? Passemos então à actual situação tomarense, bastante desconfortável para todos os envolvidos. Uns porque desesperam por uma solução, outros porque bem queriam manifestar a sua indignação, mas não podem; outros ainda porque se vêem abusivamente metidos em problemas para os quais não contribuíram.


                                Fotos Ana Felício

Tomar a dianteira 3 sabe que chove bastante na sacristia de S. João Baptista, (ver fotos) situação que incomoda o clero local, os fiéis da Comissão fabriqueira e o responsável de um órgão de informação local mais chegado à Igreja. Segundo a versão desta tendência, havia fundos europeus disponíveis para reparar o telhado em questão, mas só a Câmara se podia candidatar, o que não fez em tempo oportuno. Uma atitude interpretada como uma afronta à igreja local.
Sendo insuspeito quanto ao seu posicionamento em relação à senhora presidente da Câmara, Tomar a dianteira 3 pode afirmar neste caso que, a ser verdade o relatado, a eleita do PS agiu em conformidade com os melhores interesses dos tomarenses todos, pelo que não houve qualquer intenção de afrontar a Igreja. Com efeito:
A - A igreja de S. João Baptista, monumento nacional desde 1910, pertence ao Estado, cabendo portanto à DGPC assegurar a sua manutenção e restauro.
B - Sendo essa a situação legal, não se percebe o que levou o clero local a mandar fazer e custear anteriormente obras na fachada e só na fachada. É dos livros que a casa se deve começar sempre pelos alicerces, mas uma vez concluída a prioridade é cuidar do telhado. O que de resto foi feito e bem feito pela Paróquia em Santa Maria dos Olivais, que também é monumento nacional e pertence ao Estado, estando portanto a sua manutenção e restauro a cargo da DGPC.
C - Por conseguinte, a Paróquia evidenciou dois pesos e duas medidas na obras que assumiu. Em S. João Baptista apenas mandou rebocar e pintar  a fachada, negligenciando o telhado. Em Santa Maria dos Olivais, pelo contrário, mandou recuperar as paredes exteriores e reparar o telhado.
D - Lógico seria portanto que agora a Paróquia mandasse limpar e reparar o telhado de S. João Baptista, para restabelecer a equidade em relação a Santa Maria dos Olivais.
E - Dirão os defensores da igreja local que tudo o que antecede será verdade, mas que, mesmo assim, a Câmara apresentou uma candidatura para recuperação de alguns arcos dos Pegões Altos, que também são monumento nacional e pertencem ao Estado, sendo até parte integrante do Convento de Cristo, Património da Humanidade, que rendeu à DGPC em 2017 um pouco mais de 1,5 milhões de euros.
F - A argumentação avançada em D é pertinente, omitindo porém o ponto essencial: Tomar a dianteira 3 sabe que a Câmara de Tomar só decidiu apresentar uma candidatura a fundos europeus, visando recuperar alguns arcos dos Pegões Altos, tarefa que em princípio lhe não competia nem compete, uma vez obtido o acordo da DGPC e munida de pareceres técnicos, asseverando que era urgente aquela obra, pois havia elevado risco de derrocada naquele ponto, o que não é de todo o caso na Igreja de S. João Baptista,  por enquanto.

Foto Tomar na rede

G - Sendo as coisas o que são, não se compreenderia de todo que a autarquia tomarense apresentasse uma candidatura a verbas europeias para a limpeza e reparação do telhado de S. João Baptista, que é do Estado, quando nem sequer o fez, tanto quanto se sabe, para  a cobertura da biblioteca Cartaxo da Fonseca, onde também chove  (ver foto), e que pertence à própria Câmara. 
Entretanto, elementos obtidos por Tomar a dianteira 3 permitem avançar que, caso viesse a ser recolocado o desaparecido catavento manuelino de S. Gregório, e reconhecido que aquele templo pertence de facto ao Estado, retirando a placa abusiva e inestética que lá está, as relações entre a igreja nabantina e alguns departamentos do governo de Lisboa eram bem capaz de melhorar. Permitindo nomeadamente a reparação logo que possível do telhado da sacristia de S. João Baptista, templo onde foi baptizado o autor destas linhas.
Embora um velho provérbio garanta que "Deus escreve direito por linhas tortas", está por demonstrar que algum director de jornal de província consiga fazer outro tanto. Mas às vezes tudo é possível.

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