sexta-feira, 13 de abril de 2018

Tradição ou imobilismo?

O tomarense António Freitas, que além de jornalista é um experiente operacional de turismo, mandou umas fotos e um comentário irónico, que se publicam com todo o gosto.

 "Casa de brasileiro", visível no trajecto entre o parque de estacionamento e o Mosteiro de Alcobaça

Desvio do Rio Alcoa na cozinha do Mosteiro de Alcobaça


 Dois aspectos dos amplos e modernos sanitários públicos, situados a 30 metros do Mosteiro

O terreiro frente ao Mosteiro, que recuperou o aspecto primitivo, após terem desmantelado o jardim e proibido o estacionamento, já neste século.

O comentário irónico de António Freitas diz  que são uns bimbos os de Alcobaça porque, em vez de respeitarem a tradição recente, como em Tomar, preferiram respeitar a tradição multi-secular. Restabeleceram o terreiro fronteiro ao Mosteiro, velho de séculos, e assim obrigaram os visitantes motorizados a irem estacionar um quilómetro mais longe, o que os leva a percorrer depois uma parte do casco urbano antigo a pé. Os comerciantes locais agradecem.
Quem tem razão? Os alcobacences, que se adaptam ao progresso, respeitando tradições de séculos? Os tomarenses, que  apenas vão mantendo o imobilismo, a que para disfarçar chamam tradição?
Tomar a dianteira resolveu comparar de novo resultados práticos incontroversos. Em 2001, Alcobaça contava 46.552 eleitores inscritos e Tomar 39.338. Menos 7.214. 16 anos mais tarde, em 2017, Alcobaça contava 48.895 eleitores inscritos (mais 2.343 que em 2001) e Tomar 34.814, (menos 4.524 que em 2001), menos 14.081 em relação a Alcobaça. Ou seja, em 16 anos o  fosso demográfico nabantino em relação a Alcobaça praticamente duplicou. Não se trata de invenção deste blogue. São dados oficiais, que podem ser verificados aqui e depois aqui.
Perante isto, os ponderados optimistas tomarenses, especialistas em achismo, imobilismo, confusões, ódios de estimação e frases feitas, vão alegar que Alcobaça está na faixa costeira e Tomar no interior. Conquanto já anteriormente aqui se tenha mostrado que Bragança está bem mais no interior, o que não a impede de atrair investimento e emprego, aceitemos o argumento dos achistas nabantinos. Até porque a faixa costeira, sendo uma faixa, só pode ter as costas largas.
O problema é que mesmo no concelho de Tomar, como também já aqui foi mostrado antes, há freguesias que se aguentam muito melhor do que outras, em termos demográficos. Aqui vai mais um exemplo, numa outra vertente  da mesma crise.
Segundo dados oficiais do Agrupamento de Escolas Templários, obtidos ao abrigo da Lei do direito à informação, no ano lectivo 2011/12, o Centro Escolar de Casais tinha 132 alunos matriculados, entre os quais 86 de Casais e 19 de Alviobeira. Seis anos mais tarde, no ano lectivo 2017/2018, verifica-se que o referido Centro Escolar perdeu 36 alunos, contando agora só 52 alunos de Casais, mas o mesmo total de 19 de Alviobeira, mais 25 de outras origens, o que dá um total geral de 96.
Ou seja, enquanto Alviobeira conseguiu manter a sua situação demográfica nos últimos 6 anos, Casais registou menos 34 crianças matriculadas (menos 39,53%). O que só pode significar que várias famílias resolveram mudar de ares. 
Porquê?

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